A exposição Funócio, de Isabel Ribeiro, inaugura um novo ciclo do Centro de Arte de S. João da Madeira.
Neste nova fase da instituição, queremos, por um lado, dar continuidade ao sensível, perseverante, perspicaz e amadurecido trabalho desenvolvido pelo seu fundador e anterior diretor, Victor Costa, e, por outro, ensaiar novas abordagens.
O Centro de Arte de S. João da Madeira tem sido, ao longo dos seus quase 30 anos de história, uma referência, ou melhor, uma oportunidade. Uma oportunidade para a popu- lação de S. João da Madeira (e não só) entrar em contacto com o (admirável) mundo (sempre novo) da Arte Contemporânea!
Queremos, por isso, que esta exposição seja um marco – Marco Zero, uma ponte entre dois momentos, entre dois ciclos.
Funócio – quando o ócio e a função se juntam!
No projeto Funócio + Marco Zero Isabel Ribeiro apresenta treze peças. O desenho é a ferramenta operativa da sua reflexão.
Partindo, por um lado, de objetos do quotidiano e, por outro, de instrumentos do seu trabalho (o lápis, a folha de papel, o bico da caneta ou a esferográfica), Isabel Ribeiro cria um novo contexto, uma nova função para esses objetos/instrumentos. Assim, um elemen- to do rato do computador dá lugar a um Depósito de gás e os seus instrumentos de trabalho dão lugar a elementos da arquitetura – Memorial, Fachada, Arco ou Templo Prostilo.
O mural Marco Zero é o resultado de uma residência artística desenvolvida por Isabel Ribeiro na Oliva Creative Factory, e inaugura o programa de residências artísticas da parceria Centro de Arte de S. João da Madeira / Oliva Creative Factory. Nesta peça, Isabel Ribeiro devolve-nos o reflexo do telhado no espelho de água, resultante das chuvas, que entretanto se formou no chão da unidade fabril em ruína da antiga fábrica Oliva.
Nesta exposição Isabel Ribeiro dá continuidade às propostas de reflexão que têm estado no cerne do seu trabalho – “deslocação, reenquadramento, substituição ou anulação de elementos da imagem de referência”. No entanto, estas propostas surgem-nos cada vez mais amadurecidas, solidificadas, com uma força que parece residir na sua capacidade de nos comover pela sua beleza.
Raquel Guerra