A vida segue o seu curso natural. O mundo transforma-se. Os acontecimentos dão origem a transformações, porém, muitas coisas processam-se passivamente e outras mantêm-se sempre inalteráveis. Com as minhas fotografias tento captar tais desenvolvimentos para condensar simultaneamente num acontecimento (imagem?) concentrado (a). O acontecimento universal é, então, reduzido a um micro-cosmos que, à primeira vista, não tem nada que ver com o mundo. A vida é posta à prova em situações laboratoriais, tal como qualquer medicamento cuja acção deve ser testada em animais. A fotografia não pode intervir nestes casos, porque a transformação vem de fora. Ela, por si, não pode transformar pois, dado que documenta as coisas, cuja existência só é determinada por um espaço de tempo, pode prolongar o caso fugidio. O objectivo do processo fotográfico era, simultaneamente, o objecto da existência dos objectos. A sua existência prova apenas a sua prioridade nas emulsões sensíveis.
O cubo (fotos de 1 a 6) foi queimado depois da fotografia, e as suas cinzas sepultadas.
A mostra de corpos (fotos de 7 a12) é constituída por luz que desapareceu depois do apagar das luzes.
As varas (fotos de 13 a 15) foram mergulhadas no Atlântico.
As pedras (fotos de 16 a 21), que simulam o processo de aculturação de crianças, voltaram novamente ao seu primitivo lugar.
Somente as fotos permaneceram.